quarta-feira, 25 de maio de 2011

Escrito em 11/04/2011



Semana passada viajei pela primeira vez com a Clarice. Passamos oito dias fora de casa; fomos a São Paulo para eu fazer o curso de Educação Perinatal.
O curso em si foi excelente, mas nada foi melhor que tudo o que Clarice e eu descobrimos juntas.

Clarice não estranhou em nada a viagem de avião e se comportou muito bem durante a ida. Na volta deu umas resmungadas por não encontrar posição pra dormir, mas sem despertar completamente.
Para mim, ter a companhia dela foi um fator tranquilizante, por incrível que pareça. Foquei no fato de que ela precisava de mim e até esqueci de sentir medo.

Me concentrei na respiração nas decolagens e ela dormiu antes de o avião subir nas duas ocasiões.

No intervalo entre os dois vôos nos curtimos muito.




Minha filha, que até 10 dias atrás era bem bebê, teve que aprender a ter certa autonomia e a confiar ainda mais em mim. Ela precisou aprender que eu estava atrás daquela porta e que eu só sairia de lá de tempos em tempos ou apenas se fosse realmente necessário. Ficou super bem sem mim, talvez até melhor do que eu sem ela...

Aprendemos a brincar juntas e foi revelador pra mim perceber que antes apenas nos fazíamos companhia, mas raramente brincávamos juntas. Gostei de espalhar brinquedos, interpretar personagens, repetir quantas vezes ela quisesse as mesmas brincadeiras, de fazê-la gargalhar e ver os olhinhos brilhando de alegria. Sentia que éramos nós duas (e éramos mesmo!) e que não poderia haver companhia melhor do que a dela pra aquela situação transformadora pra mim.

Conhecemos pessoalmente pessoas das quais só sabia da existência virtualmente. E foi muito bom. Ter um pai e um outro bebê junto com ela me deixou mais confiante. E pessoas incríveis cuidaram dela enquanto eu me esforçava para assistir aula mesmo ouvindo as gracinhas ou choros dela.

Ela deu dois passinhos na minha direção, levantou e ficou em pé sozinha por 7 segundos, voltou cheia de novos sons e palavras que ainda não compreendemos, seus cachinhos cresceram, ela esticou, eu a amo muito mais e já amava tanto que era difícil imaginar esse amor maior. E foi tudo muito bom!

Mas melhor mesmo foi voltar pra casa. Ver a alegria dela pelo reencontro com o pai, com a dinda, com o lugar dela. Risadas enormes e uma ida espontânea para o bercinho, foi tudo muito fofinho. Eu e ela somos outras pessoas...
Obrigada, Gabi, Gi, Felipe e tia Dalila. Vocês foram totalmente excelentes!
Beijo, me liga!

quinta-feira, 19 de maio de 2011






Não há nada de preciso, exato, em fazer gente.

É a maior dinâmica, nada acontece como o “previsto” e a gente, que vive de olho no relógio, contando os minutos e controlando o tempo, experimenta um monte de inseguranças que a falta de controle pode trazer.

Quando eu estava grávida, nada me afligia mais que não saber. Não saber se era verdade, não saber onde encontrar a verdade, não saber se minha intuição estava certa e um monte de outros não saberes.

Não saber me levou ao desfecho que minha gravidez teve, com uma cirurgia desnecessária da qual eu certamente poderia ter escapado. Se eu soubesse...

Há diversas fontes com inúmeros dados descrevendo as melhores evidências científicas que comprovam que parir naturalmente é muito mais saudável e menos arriscado que ter um parto cirúrgico, mas EU NÃO SABIA desses dados.

Eu sei que para algumas pessoas pode ser difícil entender (embora pra mim seja simples assim) que nem todo mundo SABE que pode contra-controlar. É por isso que esse nem todo mundo coloca nas mãos dos médicos, dos maridos, das mães, das sogras, as decisões. Porque essas pessoas supostamente sabem, por experiência ou instrução educacional, e aproveitam seu saber para controlar... o incontrolável.

Daí que os partos cirúrgicos desnecessários chegam aos índices absurdos que conhecemos hoje no Brasil. Daí que muitas mulheres acham que por ter passado por um parto cirúrgico estão condenadas a outros partos cirúrgicos. Ou menos grave, mesmo tendo tido partos vaginais frank, não sabem que parir pode ser ATÉ prazeroso, entre milhares de outras coisas que elas também não sabem.

Acreditar que é possível não só é importante, como é fundamental. Mas, mesmo acreditando, a pressão social ainda é grande o suficiente pra derrubar crenças e perpetuar uma prática cruel que impede o protagonismo feminino no seu momento mais sublime que é o de dar à luz. Por isso é importante conhecer os dados que falam a seu favor: para CONTRA-CONTROLAR!

Argumentos vazios não movem moinhos! :D isso, não hesito em olhar pros dados. Nem que seja pra criticar e buscar novos caminhos. Decisão informada é decisão consciente, minha gente!

Quando respondemos aos medos mais simplórios de outras mulheres com indiferença (mesmo que transbordando de boas intenções), estamos alimentando inseguranças e privando aquela mulher de ter informações que podem deixar claro pra ela que YES, WE CAN!

Porque aí parece achismo, capricho, teimosia. Ignorar os medos de uma mulher e esperar que ela acredite em nós é parecido com o que os MEN IN WHITE fazem a torto e à direita e a gente acha feio. Nesse caso, estamos só transferindo a tutela e empoderamento que é bom, necas!