sábado, 26 de março de 2011

Radicalidades

Ultimamente tenho evitado assistir jornal. Muita desgraça no mundo...

Não tolero mais isso!

Aliás, eu hoje tô afim de falar sobre tolerância.

Numa semana em que um monte de gente resolveu falar sobre isso, eu fui mordida pelo bichinho da intolerância contra os intolerantes!

O que é quase um problema de lógica e que faz com que eu não aguente a mim mesma.

A maternidade me fez conhecer um mundo onde é preciso lutar pelas coisas. Aquele papo de “deixa a vida me levar” não serve mais pra mim. Eu não quero passar pela vida. Eu quero viver, fazer a minha história, construir. Não apenas sonhar.

Isso me faz ter posicionamentos às vezes contrários aos posicionamentos da maioria das pessoas que eu conheço, o que me torna – aos olhos deles – radical.

Tomar consciência da matrix sem sair completamente dela é difícil...

Difícil porque continuamos convivendo com gente que não tem o mesmo olhar, e o exercício da tolerância é o mais cruel e árduo de todos.

Muitas pessoas que percebem a necessidade de lutar a partir da maternidade, assumem o posicionamento de que as pessoas que não compartilham das suas escolhas não merecem respeito, ou são preguiçosas, incapazes, limitadas... e por isso as xingam publicamente, não medem as palavras desaforadas na hora de dar a sua opinião a respeito do posicionamento da pessoas e – às vezes – até da própria pessoa. Elas não toleram...

E convivendo com um número de pessoas assim, eu me faço muitos questionamentos sobre o que eu quero ensinar pra minha filha sobre como devemos tratar as outras pessoas. Sobre respeitar as diferenças, sobre como defender o seu ponto de vista. Como mãe, eu nem consigo imaginar minha filha sendo destratada por quem quer que seja por ter uma postura diferente.

Já pensou? Minha filha pagã, de pai ateu, mãe agnóstica, indo pra escola e ficando de castigo porque não sabe a ave-maria? Incabível!

Como psicóloga, tenho cada vez mais clareza de que inúmeras razões podem conduzir uma pessoa a agir de uma ou outra maneira e aquilo ser o melhor que ela tinha condições de fazer naquele momento. Ao invés de jogar pedra por ela não ter ido tão longe quanto eu gostaria, eu preciso fortalecer o repertório comportamental mínimo que permitirá que ela avance no futuro. Isso dá trabalho, precisa ser feito de uma maneira muito positiva e com muito cuidado e carinho... Afinal, é um ser humano! São suas emoções, é a sua história... Cada um tem a sua!

Como o ser humano do outro lado, eu me esforço para agir assim também. Observar, analisar, compreender as limitações alheias, mesmo quando essas mesmas limitações me deixam surpresa, chateada, contrariada nos meus ideais. Se eu puder ajudar, se me for pedida ajuda, estou lá! Se não, entendo que aquela não é minha história e que eu gastaria uma energia preciosa comprando uma briga desnecessária.

E eu preciso dessa energia para amar minha filha, para amamentá-la por mais uns 14 meses, para crescer com meu marido, para beijar na boca, para ser feliz e para ajudar pessoas que precisam de mim. Não sou infalível, nem perfeita. É claro que eu faço julgamentos, mas meus julgamentos são apenas a MINHA opinião e como tal, eu as guardo pra mim. Já sucumbi à tentação do julgamento alheio e percebi que isso não me levaria a lugar nenhum.

Desrespeitando os outros eu apenas conseguiria desrespeito. E eu quero que minhas bandeiras sejam respeitadas, não ridicularizadas.

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